Rommel Werneck
"Relógio, roda o tempo atrás. Sinceras / Virtudes tenho e são de priscas eras."
Textos
CRÍTICA AO MERCADO DE TRABALHO parte II

Continuação do texto anterior, basta buscar aqui na escrivaninha na categoria Ensaio.

11- COMPETIVIDADE

Tem se falado largamente em “estimular a competividade numa equipe de trabalho”. Ao contrário do que se imagina, competividade não é algo bom, é um atributo neutro podendo ser bom ou não de acordo com o contexto. O capitalismo tem suas raízes na competividade, minha loja de charutos compete com a charutaria de Ciclano e assim o mundo gira.

No entanto, existe uma competição desnecessária sendo incentivada nas empresas. Não há nada de censurável em uma empresa realizar campeonato de qual funcionário atende melhor, por exemplo, desde que essa concorrência não seja mais importante do que concorrer com a verdadeira concorrência, enfim, nada de exageros.

Minha vizinha trabalha numa rede de supermercados cuja matriz e outras duas lojas ficam na Vila Prudente e as outras lojas estão bem distribuídas noutros bairros. Na Vila Prudente, são três lojas grandes com menos de 1 raio de km de distância, enfim, três lojas disputando os mesmos clientes. Essas lojas podem sim estar montando uma “cerca”, isto é, um muro impedindo os clientes cruzarem a fronteira entre os bairros e comprar noutro território, isso é bom!

No entanto, deve-se sempre lembrar que a realidade de cada loja corresponde a seus lucros. Enfim não pode existir competição excessiva. Para se ter uma noção, a loja matriz é chamada de “perdedora” porque fatura menos (lógico, as outras duas estão perto, mas também próximas dos limites do bairro) e nenhum gerente quer ir para lá. É um absurdo essa situação! Eu que poderia ser cliente fiquei sabendo pela vizinha que é funcionária, quer dizer, quantos clientes já não devem considerar a matriz perdedora?

Recentemente, a tal rede de supermercados fechou uma loja no Morumbi. Não seria melhor pesquisar os bairros, as realidades e pontos do que viajar na maionese com campeonatos excessivos e inúteis?

12 – DO OUTRO LADO

São exigidos inúmeros atributos de nós, mas a pessoa que está exigindo é a Imaculada Conceição?? A pessoa que exige de mim, por exemplo, “inglês fluente” sabe que a capital dos Estados Unidos é Washington? Sabe mesmo?

Uma vez vi na televisão que algumas empresas querem exigir nome limpo dos entrevistados. Oras, se a pessoa está procurando emprego é justamente para pagar as dívidas! Minha mãe não só concordou comigo como contou uma história que escutou de minha avó. Uma empregada doméstica foi acusada de roubo de uma joia, foi demitida e houve investigação. Os ladrões eram, na verdade, os próprios patrões que venderam a joia para pagar as despesas. Ora, se eles admitissem publicamente que tiveram que vender uma joia para pagar as despesas, estariam assumindo a situação financeira decadente. Moral da história: os processos seletivos exigem muitos atributos, mas os entrevistadores e empresários são mesmo pessoas honestas, “líderes”, “empreendedoras” e blábláblá?


13- IDADE

Essa semana mostrou na TV que os idosos tem sido valorizados nas empresas que “utilizam critérios modernos”, não é nada disso! Todo o mundo sabe e muito bem que qualquer criatura acima dos 35 anos é rejeitada!!! Vai lá na Barão de Itapetininga, só existem idosos trabalhando em plena rua sob o Sol de 40ºC segurando cartazes das agências de emprego... ah essas agências.....

Aliás, são esses “critérios modernos” que ferraram o mercado, essa baboseira de mecânica de emprego de bater palminha, fingir ser um animal, ser fluente em mandarim que é a coisa mais surreal do mundo já que o único lugar do Brasil que se usa chinês é a Biblioteca do Mosteiro de São Bento e outras cositas.

Por que até agora o Estatuto do Idoso e os movimentos de lucros sociais não fizeram nada contra isso??? Deve ser porque o tema não está na moda...



14- ALISTAMENTO MILITAR

Esse dogma de não contratar homem aos 17 anos porque “vai servir o Exército” é HI-LÁ-RIO. Gente, ninguém serve o Exército quando faz 18 anos kkkk. Não? Não, suas antas dos Recursos Burranos!

O adolescente faz o alistamento no ano que completa a maioridade, se for servir é no ano seguinte, oras! E esse processo de alistamento dura (pasmem!) somente de 1 a 5 dias espalhados no ano, oras Dio Santo! Se a pessoa for faltar, vai faltar numa quantidade de dias bem inferior a uma mulher grávida, por exemplo. Que que é? A pessoa também não pode mais ter filho e faltar pra parir???!!!



15- ATUALIZAÇÃO

“O bom profissional deve se atualizar constantemente” Atualizar-se em quê?

Sim, sim, profissionais jurídicos lerão as novas leis e mudanças assim como profissionais de saúde vão se atualizar no que diz respeito a novas curas e novas doenças etc.

E isso é válido a todos os profissionais, mas da forma como se tem falado dá a impressão de que tudo muda em 1 segundo, o que não é verdade. Mudanças ocorrem, mas são gradativamente, não esse negócio de que o lixeiro precisa se atualizar sobre o novo tipo de lixo em 1 ano. Isso não pode ser aplicado a todas as profissões em todas as abstrações possíveis!


16- TRABALHO EM EQUIPE


Já escutei o seguinte raciocínio revolucionário:
“As empresas valorizam o trabalho em equipe, como se observa em juntas médicas, por exemplo.”

Gente, citar junta médica, reunião de professores, publicitários como uma forma de mostrar que a atividade em equipe é valorizada é baboseira. Sempre esse tipo de equipe existiu, oras!

É evidente que o trabalho em equipe é rico e gera resultados, mas nem sempre é assim. Uma vez eu comentei numa dessas palestras que não podemos resolver algo em equipe sempre, por isso o trabalho individual deve ser também valorizado. Uma prova da faculdade, por exemplo, quem resolve? O grupo?


17- QUESTÃO DE GÊNERO


Olha, o objetivo dessa bodega de texto não é dividir o mundo em “turma do bem” e “turma do mal” como já acontece no facebook. Não afirmo, em hipótese alguma, que os trabalhadores são santos e os patrões são “do mal, véi”. Mesmo porque a crítica é ao sistema corporativo atual e não tem essa putaria de “lutar contra o sistema”.
Por que estou escrevendo isso? Porque uma pessoa politicamente correta de meu facebook compartilhou uma notícia que diz que será proibido as empresas fazerem diferença entre salário de homem e salário de mulher. Olha, qualquer intenção de igualar os sexos e promover a diversidade é louvável, mas precisamos ver se essas leis vão realmente fazer efeito e auxiliar em alguma coisa. Escreva isso num comentário e leve um belo corretivo hehehe. Por isso, argumento:


A-) Em muitas empresas é praxe o funcionário recém-contratado (homem ou mulher!) receber menos que uma pessoa que está no mesmo cargo há anos. É errado? Sou machista e opressor por não achar isso ruim? Vou explicar o porquê não acho isso errado.
Você não tem experiência e ainda cursa o Superior, acho justo a empresa lhe pagar um salário menor que da outra pessoa, isso é a diferença básica entre salário inicial e salário em longo prazo. Mesmo porque é uma forma de você conseguir um emprego nesses tempos tão tenebrosos que vivemos.

É óbvio que não pode existir diferença no trabalho entre homem e mulher, mas essa lei ignora a diferença de meritocracia que acabo de comentar. Sou contrário à diferenças salariais no que tange gênero, mas essa diferença de profissional que chegou ontem (homem ou mulher) para quem está no mesmo cargo há muito tempo (homem ou mulher) é fundamental. Mas o pior vem agora. Muitas feministas e ativistas lutam por salários mais altos, mas se esquecem de outros dois problemas que envolvem a questão de gênero e que são, de fato, grandes problemas.

B-) Quantas e quantas vagas não são específicas para homem e mulher?! Você faz um curso técnico de moda, [é homem, que azar!] e descobre que a loja de costura não pode lhe contratar porque eles querem mulher... apenas mulher. O oposto também ocorre, mas raramente. Há lugares que não aceitam mulher como motorista ou ajudante geral e aí, cadê o povo da pá virada pra rodar a baiana?
É uma tragédia quando você estuda um curso técnico e uma faculdade e mais uma porrada de cursos e descobre que todas as profissões (antes dos dois sexos) se tornaram femininas unicamente. Lembro que na faculdade escutei a baboseira de que formando em Letras poderia ser secretário kkkkk. Imagina... essa minha professora deveria ler ficção científica né.

Uma vez fui a uma escola e eles queriam me contratar como recepcionista, mas eles mesmo (eram dois selecionadores) disseram que “os pais dos alunos estranhariam”, “a sociedade é muito preconceituosa” etc etc etc Onde a sociedade persegue , repara nisso? Se eu atender, recepcionar bem um cliente, ele vai ficar reparando se tenho pênis ou não? Esse é o tipo de ilógica que condeno e que nenhum movimento de lucros sociais critica!


C-) Licença-maternidade existe, mas há a crença de que “um bom profissional deve se dedicar ao trabalho sempre”, “nunca deve se ausentar” etc etc etc. Que mulher vai se dar ao luxo de parir no hospital se a modinha é parir no trabalho?

Tive uma professora que trabalhou até a véspera do parto. Loucura! Conheço outra gestante que, após o parto, pretende ficar alguns anos só cuidando do filho, depois regressará ao mercado. Se a mulher quiser, por livre e espontânea vontade, ser dona de casa e cuidar do recém-nascido ela pode? Claro que pode, se não pode, mostre-me a lei que a proíbe. Obviamente essa pessoa nunca arranjará recolocação porque será considerada “uma profissional que se absteve do mercado e favoreceu a vida pessoal o que é ruim para a imagem”.

A trabalhadora pode ser mãe também? Depende, uma vez numa entrevista coletiva (Zeus me livre!) uma entrevistadora perguntou à candidata: “Ah você tem uma filha, ih mas se sua filha ficar doente, você vai faltar?” Gente, que pergunta besta! Se morrer alguém da família não pode ir no enterro?

Por isso acho tão importante que as feministas levantem de suas cadeiras e façam algo de útil porque lutar por leis que nada mudam e tudo atrapalham é fácil demais!



18- ANTES E HOJE

Se existe algo que me incomoda absurdavelmente é a forma como os jornais de emprego, a mídia e todo o mundo se referem à história do mercado de trabalho. Fala-se em “empresas antigas, tradicionais” e “empresas mUdernas”. É tipo assim, Antigo e Novo Testamento kkkk
Sataniza-se ao máximo o método de trabalhar antes dos anos 70 e nenhuma visão crítica sobre nossa decadência XXI’s é permitida. Páginas e mais páginas são dedicadas aos mitos comentados neste estudo. Nunca tanta ladainha foi difundida.


Concordo que em 1900 e bolinha mulher divorciada não arranjava emprego, mas eu tenho uma amiga que estava grávida (já nasceu o bebê, e ele é lindão!) cujo marido não arranjava emprego de jeito nenhum por apenas comentar que seria pai, afinal, que empresa permitirá um ser humano tirar licença paternidade (sim, isso existe!)
Sim, existiu escravidão negra durante séculos no Brasil, mas isso era de conhecimento público. Não digo que era uma maravilha, não é nada disso, todos nós sabemos que a escravidão é uma iniquidade, acontece que não havia hipocrisia, a escravidão estava lá e ninguém tapava o sol com a peneira. Não é como hoje que existe (vai no Brás e no Bom Retiro pra ver se não existe) e todos fingem que nada acontece!


Não pretendo ser mais saudosista do que já sou, não quero afirmar que o mercado de trabalho de antigamente era melhor em tudo, porém é fato que havia mais lucidez que hoje. Dá a impressão de que o mercado não se modernizou, apenas mudernizou , somente reproduz o que ocorre na sociedade.


O processo seletivo “vintage” era uma entrevista e um teste prático, por exemplo, datilografar uma carta comercial. Imagina, no século XXI, é tudo mais “dinâmico” (ui, vou ficar tonto kkkk), mais mUderno, mais diverso etc etc etc. Hoje nem há entrevista, você precisa dizer que tipo de animal você seria. Vou exemplicar esse tipo de indecência para com nossa condição de animal racional com a pior entrevista em que já estive. Atenção: a pior na verdade nem é essa porque nem dá pra constar na lista.

A vaga era de operador de telemarketing. Após uma dinâmica que pouco tinha a ver com a vaga, aconteceram uma entrevista coletiva (que coisa anti-ética!) e um culto. Sim, um culto. O pastor, digo, empresário falou seu testemunho, digo, sua carreira. Contou detalhes da vida pessoal, até falou de religião (ele não era evangélico), inúmeros achismos, futebol, sua exemplaríssima carreira profissional, enfim, foi vaidade pra lá e pra cá. Aí ele pediu para fecharmos os olhos e pensarmos sobre nossas próprias vidas porque ia falar quem não tinha passado na seleção. Afinal, o sangue da Microsoft tem poder! kkk


Pior que inúmeros processos seletivos são assim. Isso é o quê? Uma igreja? Um exército da autoajuda? Seriedade é o que não existe nesse ramo de hoje. Antigamente, existia bom senso, uma entrevista jamais seria da forma como acabo de relatar, nenhum entrevistador se daria ao ridículo, uma empresa jamais seria fundada sem pesquisar o ponto, investir no produto, outros conceitos básicos impossíveis de se encontrar hoje.


Recentemente li no jornal um anúncio assim: “TLMK. Com experiência e capacidade de encantar o cliente”.  É uma vaga de vendedor por telefone ou é vaga de brinquedo? Sim, porque a Barbie é que tem função de encantar. Há meio século isso jamais ocorreria, os requisitos seriam argumentação e domínio do produto; jamais critérios subjetivos e coloridos como “profissional empreendedor, flexível e com espírito de equipe”. Não digo que espírito empreendedor não deva ser valorizado, mas é tão vaga a definição de empreendedorismo nesses meios que chega a ser hilária!


Só para encerrar o tópico, o supermercado que minha vizinha trabalha (sempre ele! Que Thor, São Pedro ou Iansã lance um raio de lucidez lá, que aliteração que acabei de escrever XD) enfiou na cabeça dos funcionários a doutrina da “virtude do relacionamento” (será alguma terapia de casal?). É assim: quando um cliente entra rabugento, você deve tratá-lo com um gigante sorriso no rosto para mostrar sua reação feliz e passá-la ao cliente (que místico!) mostrando que a vida é legal (???). Foi assim que minha vizinha contou. Oras, se um cliente está de péssimo humor, eu não irei tratá-lo do mesmo modo, mas não serei palhaço, não serei hipócrita, irônico e néscio. O cliente vai perceber e vamos perder dinheiro, é esse o grande problema atual! Meu pai é vendedor de prensas em empresa, estudou Engenharia etc. Imagina se na época que ele começou a trabalhar esse tipo de loucura existisse, nunca seria cogitada tal burrice!


19- MOVIMENTOS DE LUCROS SOCIAIS.


Ursinhos e Florzinhas, tenho uma revelação triste a fazer: os movimentos de lucros sociais não estão ajudando no combate ao desemprego, aliás não ajudam em nada.

Sou da opinião de que essa história de “vamos lutar contra o sistema” é o que mandou a vaca para o brejo. Optou-se por reformar totalmente os processos seletivos e esse espírito de porco entrou. Acho engraçado que exista gente que posta foto de animal sofrendo no facebook, mas é incapaz de refletir sobre o desemprego atual e a crise europeia.

Ainda em 2010 os “artistas” foram proibidos de se apresentarem nos semáforos da Avenida Paulista. Adivinha o que aconteceu? Surgiram movimentos de lucros, digo, lutas sociais para defender esse direito. Gente, isso é causa para se defender? Por que não levantar a bandeira de mais vagas em editais honestos? Concursos públicos para quem já realiza um trabalho artístico toda temporada nos teatros? Por que não gerar parcerias entre empresas e governo para mais vagas aos artistas? Não, melhor ficar catando medinha no farol! Compreendem minha indignação? O povo é capaz de lutar para ficar no farol ganhando moedinha ao invés de fazer algo de útil.
E o que dizer das cotas raciais para modelos no São Paulo Fashion Week? Boa pedida. Enquanto luta-se pela incoerentíssima e racista política de cotas, muitos bolivianos trabalham como escravos no centro da cidade e a profissão de estilista não é regulamentada. Parabéns!

A área de magistério é a pior nesse sentido. Os professores fazem greves, lutam por salários mais altos e “melhores condições de trabalho”. Não sou contra greves, aliás, que fique bem claro que critico a forma como esses “movimentos sociais” funcionam e as causas vagas. Não estou me opondo às lutas, só que há décadas que essas lutas ficaram estranhas...

As greves marginalizaram o professor que virou referência do profissional que mais a pratica. Salários. Acho vago demais lutar por salários mais altos, por que o que é alto para mim é pouco para você. E outra: o que garante a remuneração não é o salário e sim o que vem junto dele. Vou ter estabilidade para receber salário todo mês? Se não, é nisso que devo lutar!  Uma forma maravilhosa de lutar por salários mais justos, estabilidade e direitos trabalhistas é lutar por mais vagas em concursos públicos! O professor ofa (categoria sem concurso) não possui sequer o direito a férias ou faltas, é um professor “temporário”, mas um temporário que dura muito tempo! Não seria melhor lutar por mais vagas em concursos? Nunca vi esse tipo de luta.

E o critério “melhores condições de ensino”? Que coisa vaga! Fico impressionado com os sindicatos, eles não lutam pela aprovação da lei que punirá o aluno que agredir o professor! Deveriam lutar por um estatuto do professor. Também nada se fala sobre o homescholing que poderia aquecer a economia educacional, se a educação doméstica fosse legalizada, poderíamos lecionar fora das escolas também e com mais benefícios!

Leciono semanalmente para uma adolescente de São Caetano do Sul, apesar de ter sido através de uma agência escolar, não possuo o luxo de carteira de trabalho, é apenas um bico, um subemprego. Gosto muito do que faço, a mãe da aluna quer, inclusive, que eu faça monitoramento, esteja presente mais vezes, lecione mais vezes, enfim, vou ser uma espécie de preceptor (que profissão mais vitoriana!), mas não terei direitos como uma empregada. Quer dizer, uma doméstica possui mais direitos do que um professor. Não estou esnobando quem trabalha como doméstica, essas pessoas merecem sim tais conquistas, o que estou tentando dizer é que nenhum movimento social levanta as causas essenciais que estou propondo.

Ontem a quinta-feira foi beeem santa, saí de minha paróquia pior que Jesus quando esteve no templo. Gentem, me respondam: Por que existem tantas pastorais sociais distribuindo cestas básicas para famílias de baixa renda? É óbvio que isto cura a fome, o problema temporariamente, isto é bom e válido. Todavia, como fica a recolocação empregatícia? Essa é a grande raiz do problema, é o desemprego que deixa famílias na baixa renda (ou sem nenhuma) passando fome. Com exceção do CEAT que outrora pertenceu à Igreja Católica (e que hoje está em mãos governamentais), não conheço nenhum programa pastoral na área, todas as instituições religiosas possuem orfanatos, distribuem cestas básicas, mas e o emprego? Sim, eu sei que é obrigação do Estado, mas em 1300 e bolinha havia santo que conseguia trabalho para as pessoas. Eu não quero fazer apologética  aqui, não é isso, mas tenho a impressão de que hoje a única ajuda é assistencialismo e que em 1300 e bolinha havia bom senso!


Minha conclusão é que o desemprego não é visto como um problema social. É verdade que muitas pessoas sabem da existência do problema, lastimam a situação, falam que a culpa é do sistema etc etc, mas criticar o mercado como eu critico são pouquíssimas pessoas e as plataformas sociais para geração de emprego são muito ridículas, vagas, abstratas, a longo prazo, metas como “incentivar o crescimento da indústria nacional para gerar vagas”, “construir obras públicas para dar emprego (temporário e restrito à engenharia)”, “investir em cursos de capacitação (sic, esses cursos e valores que condenei aqui no ensaio).

Tudo se resume no efeito “super Mario vai com os yoshis” (Maria-vai-com-as-outras)


20- NETWORKING

Gente, alguém tem dúvida de que o que ferrou as redes sociais foi essa palhaçada de networking. Para quem não sabe, networking é a habilidade de montar uma rede de relacionamentos tendo contato com as mais diversas pessoas das mais diversas áreas. Sim, sim, não nego que isso tenha seu lado positivo, manter contatos é interessante e estratégico. Mas mudei muito de opinião e passei a ver as desvantagens também.

Sempre me orgulhava e dizia: “Ah Rommel é um homem que conhece tudo quanto é tipo de gente, é um homem das mansões e das monções”, mas não é bem assim. Não adianta nada ter muitos contatos se nenhum é eficaz quando você está sem trabalho. Essa história de ser amigo de todos, amar todo o mundo é o fim da picada, é o que me obriga a ser amigo de quem não conheço só por conveniência.

Uma lição que aprendi com um grande amigo é que você nunca vai conseguir agradar a todos ao mesmo tempo, todos até é possível, mas ao mesmo tempo é impossível. Quando se faz isso, desagradamos a nossos valores e a nós mesmos ou a quem amamos.

E o que dizer do LinkedIn, uma rede social em que empresas divulgam vagas, mas quando você se candidata às vagas, aparece uma janelinha: “Mude para Premium e tenha prioridade na seleção”. Isso é rede social ou site de emprego? E porque os nossos ilustres contatos de networking não compartilham nossos CVs e empreendimentos? Ué, a moda é compartilhar fotos de animais morrendo...

O pior vem agora: existe empresa querendo adicionar funcionário no facebook e nos EUA a senha do perfil é exigida. Cadê os movimentos de lutas sociais? Estão brincando de pôr foto de Pinheirinho?


NOTAS:

I. A primeira parte se encontra aqui mesmo na escrivaninha, basta ir à categoria ensaios e verá todas as partes. Pretendo escrever a terceira e outras considerações.

II. Gostaria de escrever mais. De fato, os tópicos acima estão incompletos porque pedem mais desenvolvimento, desdobramentos, argumentos etc, mas o objetivo deste estudo inicial é apresentar os aspectos gerais de minha crítica e não posso ficar a sexta-feira santa toda escrevendo tudo o que gostaria.

Sim, sim, futuramente vou desenvolver cada tópico à parte.

III. Estou postando agora após uma simples revisão. Pretendo revisar intensamente todos os textos, porém como também são desabafos, posto como acabam de sair com revisão simples para abrir o assunto. Adoraria revisar tudo e fazer um e-book e é o que farei.

IV. Muitas pessoas vieram me dizer que meu problema é que “não quero me vender ao sistema”. Olha, se eu não quisesse trabalhar eu não teria dado aulas na cadeia e nem concluído tantos cursos.
Fiquem no meu lugar por 1 min. É muito difícil quando você vai numa entrevista e o selecionador diz “menas”, “eu tinha chego”, “a gente estamos contratando”. Acham mesmo que uma pessoa que nem fala português irá me contratar?
Rommel Werneck
Enviado por Rommel Werneck em 06/04/2012
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